quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Candidatura Ibérica

Muito se tem indagado acerca do maldito TGV que apesar de todos os cortes e medidas de austeridade previstas para 2011, insistentemente se mantém nas contas e programa do governo. Ninguém objecta os postos de trabalho que a sua construção criará mas, de facto, é incompreensível esta tão urgente necessidade de unir Lisboa a Madrid, quando a portuguesa está tão desligada do país de que é capital. Já estamos, em verdade, habituados a que "esta cidade", no seu centralismo e miopia, pouco ou nada mais veja além da sua raia.

Ainda me lembro muito bem de um jornalista lisboeta referir acerca da, chamada, autoestrada transmontana que, o dinheiro gasto nesta obra serviria melhor se usado para alargar e modernizar a linha do metro de Lisboa. E realmente, para que queremos nós uma autoestrada? Os burros e as carroças andam muito bem por canelhos e lavradas. É que isto começa com autoestradas, mas daqui a uns dias ainda somos capazes de pedir electricidade e saneamento. E isso sai muito caro. Até porque a verdade é que como disse o outro, isto fica bem é cheio de betão e debaixo de água. Autoestradas para quê? Linhas de comboio modernizadas, para quê? Bota é betão e água que nós sabemos nadar. Aliás, de Lisboa e do seu governo, já estamos é mesmo habituados a nada.

Mas estou a desviar-me do assunto. Falava hoje o Zapatero, a propósito da candidatura Ibérica ao Mundial de 2018 (na pior das hipóteses, resta-nos 2022), sobre os 2300 quilómetros, não me engane a memória, de linha de alta velocidade dos dois países. E falava depois o Madaíl, sobre os óptimos estádios que após o Europeu de 2004 estão ainda numa excelente condição. Os óptimos estádios que são o Dragão, Luz e Alvalade XXI, já que outros como o do Algarve, onde se realizam, apenas, um ou dois jogos anuais, o de Aveiro, ou o de Braga, não vão sequer cheirar o Mundial.

Porém, quando Portugal ganhou a candidatura ao Europeu de 2004, o governo espanhol, publica e oficialmente, referiu o seu espanto e indignação, pela escolha de um país tão atrasado como Portugal, que nem tinha autoestradas, nem quaisquer condições de segurança e era pouco mais que um aglomerado rural, sem quaisquer infraestruturas para suportar um evento àquela escala. Então, na minha cabeça fez-se luz. Graças à linha de alta velocidade, Lisboa e Madrid estarão mais próximas e poder-se-á viajar cómoda e rapidamente entre as capitais para assistir aos jogos do Mundial que, serão quase todos em Espanha. Porque em Portugal, joga-se em três estádios, quando só na Galiza são dois os estádios que vão acolher o Mundial. Em Espanha joga-se em todo o país, Portugal incluí o Dragão nos estádios a receber o Mundial, pois sai mais barato construir as infraestruturas para o TGV, do que ter de voltar a reconstruir Lisboa após o terramoto pela exclusão do Porto da lista de cidades a acolher o campeonato.

É esta infelizmente a pequenez deste nosso país, uma cidade que se comparada com as grandes cidades de países civilizados não é mais que uma vila ensimesmada e prepotente, julgando-se representar em grandeza todo o país e, em verdade, nem sequer representando a sua própria e cobarde arrogância. Talvez o TGV devesse passar antes em Olivença, construía-se lá mais um estádio (à custa dos impostos dos portugueses que nem uma autoestrada mereciam, já que o dinheiro gasto na mesma poderia ser investido em Lisboa) e jogava-se lá todo o Mundial. Assim sim, era uma verdadeiro Mundial Ibérico e no final, continuavam a ser os espanhóis a lucrar com esta nossa prepotente infantilidade e mania das grandezas.

2 comentários:

i'mnotreallyhere disse...

enfim é o portugal que temos! era arder com os senhores e com o TGV , já temos pouco onde enterrar dinheiro mais uma despesa pequena nesta época propensa a grandes investimentos, não fará mal nenhum...enfim

Koky disse...

Com as organizações dos Mundiais de 2018 e 2022 entregues a Rússia e Qatar, respectivamente. Pergunto-me se será viável acreditar que o TGV tenha perdido o carácter de urgência.