segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Chemichal Brothers

Há já algum tempo que não vinha a'O Pecado dizer dois ou três disparates. Lembrou-me hoje de voltar cá e trazer mais uma proposta musical, quando reparo que fora exactamente essa a minha última contribuição no blogue - e a dobrar, que um disparate nunca vem só, e como o outro nunca o disse: "Quando se diz 'parate', logo outra vez se diz 'parate'." Catacho!, pensei de mim para mim, já que nada do que visto tem botões, Então tu queres ver que depois de o João te gabar o blogue, tu agora é só dar música à média de vinte visitas semanais do blogue? Não pode ser, concluí. E daí me lembrou um certo episódio da minha adolescência o qual resolvi partilhar com os pacientes visitantes que em muita estima tenho. Já agora, devo dizer que depois de me presentearem com um: "O teu blogue é demais." (Muito obrigado João.) Não me cabe um chícharo no cu.

Mas dizia eu, ter-me vindo à memória, um episódio que, talvez, prepotentemente me lembra espíritos incompreendidos como Galileu, ou Nicolau - ou ainda "Galiltu" e "Nicolui"... loooooooool. Não que tenha eu descoberto a pólvora que incendiaria as formandas mentes da rebeldia adolescente, mas sim, porque também eu fui gozado e desacreditado e depois a minha "chacota" virou ponto alto em qualquer discoteca, botequim, baile de finalistas e aparelhagem da juventude emergente, no meu amado coração do nordeste transmontano, Macedo de Cavaleiros.

Estávamos portanto em meados dos anos 90 e não sei precisar se era aluno do 7.º, se do 8.º ano, o certo é que a disciplina era Francês. E como trabalho para casa (TPC) a professora pedia-nos que falássemos da nossa banda preferida e claro está da sua música, género, o que nos levava a gostar, o porquê de ser a banda preferida, etc. O certo é que na altura não tinha nem CD's, nem onde os reproduzir, a cassete e o vinil ainda reinavam conjuntamente com a ascensão do pequeno disco de leitura laser e a rádio era uma óptima companhia. E foi lá que descobri muitas das minhas futuras paixões musicais. Uma das quais os britânicos Chemical Brothers.

E foi precisamente dos Chemical Brothers que falei no meu trabalho, acérrimo aficionado pelos ritmos de dança, conjuntamente com The Prodigy, os Brothers eram uma lufada de ar fresco nas minhas jovens sinapses que, fervilhavam ao ritmo daquela fantástica inovação que soube mais tarde chamar-se Big Beat. (De resto haveria de anos idos idealizar um projecto baseado neste novo género musical ao qual chamaria New Prodigies of Dance Music. Apenas precisava que alguém com alguma formação musical e tanta vontade como eu se juntasse a mim, na caminhada que havia de levar-nos lado a lado aos palcos onde actuavam os grandes nomes da cena da música de dança...)

Como dizia, porém, falei de Chemical Brothers. E do quanto aqueles ritmos me maravilhavam. Mas apenas para descobrir que falava de uma banda da qual aparentemente eu era o único conhecedor. Não lembro a cena com todo o detalhe, mas ainda escuto o ressoar das exclamações e indagações: "Chemical Brothers!?! Onde ouviste isso? Deve ser alguma das bandas que inventou na cabeça dele. Também são do teu planeta?" (Quem se lembrar do texto sobre Alien, o 8.º passageiro, há-de saber o porquê de tal referência ao meu planeta.) E não, não eram do meu planeta e fora na Antena 3 que ouvira os Brothers, assim como muita da melhor música que na altura conhecia.

Que bem me lembro, de aproveitar o final das cassetes dos meus tios, para naquele intervalo que a gravação de um qualquer álbum, ou compilação pessoal deixava virgem, gravar nem que só uma pequena parte das músicas mirabolantes que me presenteava a rádio. A espera pelos programas específicos de música de dança... Certamente aos Sábados à noite, mas não posso dar certezas daquilo que me não lembra com exactidão. E depois, juntar todos os trocos possíveis para comprar a primeira cassete, creio que seria de 90 minutos, para poder ter mais gravações daquela música fantástica. As tardes em minha casa, com o Telmo, escutando até à exaustão aquele talvez nem um minuto da Breathe de The Prodigy, gravado com sorte uma certa vez que ouvia rádio esperando poder ouvir aquele hit extraordinário.

Mas falava do TPC de Francês que, a maioria da turma não fez e que, dado o tão elevado número de faltas, levou assim à oportunidade de o fazer para a semana seguinte. E nem de propósito isso aconteceria, a banda que na semana anterior era apenas fruto da minha imaginação e actuaria pelos palcos interplanetários da galáxia onde se situa o meu planeta natal, era afinal a banda favorita daqueles que outrora haviam questionado a sua realidade e a minha sanidade. O que melhor me lembro é do olhar da professora Conceição Teixeira na minha direcção com um certo quê de afago e compreensão. Afinal eles existiam neste plano da realidade, nesta galáxia, neste planeta e influenciavam aquela adolescência que era também a minha.

Hoje certamente ninguém se lembra desta história e se calhar se a contar aos seus restantes protagonistas, responder-me-ão: "O quê? Mas tu estás maluco? Não me lembro de nada disso. A Francês?" Mas aquilo que de facto a mim interessa, é que a minha loucura revelou-se no prazer deles. NPDM nunca foram mais que um conceito de banda idealizado na minha imaginação e os palcos onde actuaram não mais reais foram que o sonho, mas a verdade é que hoje tenho projectos musicais reais e faço a música que gosto, apesar de talvez nem sempre como imagino, mas no próximo dia 10 de Fevereiro, um desses projectos vai voltar a actuar aqui em Aveiro no Bar do Estudante. E pode não ser o mesmo palco dos Chemical Brothers, mas sei que uma vez mais vou ter bastantes dos meus amigos dançando, degustando e deliciando-se com a música que eu e o Trovisco trouxemos da nossa imaginação.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

IK MUX - Novo Estado Novo

Apesar de haver ainda hoje muitas boas bandas portuguesas, escolho para deixar aqui como proposta nacional para este novo ano, uma música já dos idos anos 80.


Matt & Kim - Yea Yeah

E para começar o ano bem-dispostos, aqui fica mais uma proposta pecaminosa.






Forget your court date
Lock me away, the world waits
Cuffs cut deep to the bones
We're trying to sleep, we're trying to sleep
I hope these hands, woahh-ohh-ohh
Can turn back time
I want time to be a game and we're losing this one,
But still i'm sane

Yea yeah
Yea yeah
Yea yeah

You stole tapes and a flashlight
On a summer night from my car
I found something in a lightening storm
With heavy rain and thunder like melted storm, yeah
When everything seems to wash away
I walk here with just two feet on the ground
Ground, ground, ground, ground, ground!

Yea yeah
Yea yeah
Yea yeah

Lock me up, officer
What a mistake i made
Yea yeah, take me away
I say this to myself
Close the door on myself
Yea yeah, take me away
I found something in a lightening storm
With heavy rain and thunder like melted storm, yeah
When everything seems to wash away
I walk here with just two feet on the ground
Ground, no, no, no, no!

Yea yeah
Yea yeah
Yea yeah

A minha agenda.

Mais um Natal que passou, o Pai Natal continua a ganhar lugar ao menino Jesus na corrida pelo protagonismo do Natal e as grandes marcas e cadeias capitalistas, na calada, ficam com os louros. Numa tentativa de reaproximar as pessoas do real espírito natalício, expurgando a tendência consumista e frívola que ao longo das últimas décadas tem assoberbado a época, houve quem optasse por colocar nas varandas, não o Nicolau adulterado, símbolo da escalada capitalista, mas sim uns panos - dos quais me escapa agora o nome - com a figura do menino nas palhas deitado. Reacendendo assim velhos hábitos que infelizmente cada vez mais se perdem, largando assim ao mesmo ostracismo que o poder central nos votou, as nossas próprias tradições e marcas únicas da nossa identidade.

Apesar de não ser católico, cresci no seio de uma família que me educou dentro desses parâmetros e o meu jovem quarto de século de idade, não me impediu de conhecer uma tradição natalícia que se revestia de valores morais e sociais em os quais paz e amor, não eram meras palavras vãs saídas da boca de qualquer candidata a "miss". Nada tenho contra o Pai Natal, mas a sua escalada na batalha contra o menino Jesus, pelo domínio da entrega dos presentes, trouxe uma alteração de valores ao invés de uma mera mudança da figura dadora dos presentes.

Honestamente, não acredito no Natal mais do que acredito na Páscoa ou em qualquer outra festividade religiosa. Não vejo aliás no Natal, mais do que vejo na Páscoa e mesmo no Carnaval, cedências do Vaticano e seus chefes, para manterem o povo feliz nas suas festividades pagãs, não questionando a usurpação de um certo deus às suas restantes crenças e modo de vida.

Não quero, é claro, com isto significar que não gosto do Natal, ou qualquer outra das festividades cujo sentido cada vez mais se perde ao longo dos anos. Antes pelo contrário, como qualquer estudante adoro as férias e é isso que me interessa. As férias.

E assim, chegando ao cerne da questão, O Pecado gostava apenas de desejar um bom novo ano e um excelente final de década, principalmente para aqueles que a vão celebrar a dobrar e aqueles a quem uma operação matemática tão simples faz espécie. Espero que tenham tido, ou estejam tendo, umas boas férias. E não esquecendo que amanhã é dia de Reis, O Pecado ainda não recebeu "A Minha Agenda".