Após tanto tempo, resolvi procurar o blog do Nobel da literatura português. Dado curioso, o que este refere sobre os Cadernos de Lanzarote. No ano passado, fui também ofertado com um caderno, para que neste reproduzisse um conto, que de resto ainda espera por sê-lo, e, não fui, nem me sinto, capaz de rabiscar no dito as páginas já vertidas da imaginação. Receios que a minha letra horrível estrague a pureza do caderno, cuja capa de couro cheira emanamente a si. E principalmente que, o conto não seja digno de registo nem em tão belo caderno, nem em caderno algum. "Conarias", como diria a minha "francesa" tia Teresa. E contudo receios que a mais recente e desilusória participação no Iº Prémio Manuel Alegre veio agravar.
A verdade, é que não esperava vencer, ou mesmo ter uma menção honrosa. Apesar do alto ego pavonear o seu desejo e quiça, já o alter-ego vestisse o fato de gala, a verdade verdadeira, será que a humilde noção do real sabia que o cavalinho, à chuva molhado, acabaria estragado e assim abriguei-o, quando mais, após a revelação do vencedor ficar adiada em dois meses, dada a enorme afluência de novos autores. No entanto, não estava, afinal, preparado para a frieza da divulgação do resultado, nem talvez para o resultado. Ao pseudónimo X foi atribuído o prémio e ao pseudónimo Y uma menção honrosa.
Nem uma palavrinha sequer aos pobres desafortunados como eu, que viram a sua obra preterida em nome de outrem. Nem um maldito bem-hajam, voltem sempre, são bons mas estes foram melhores, nada. Será talvez inocência demasiada (se a inocência tiver limite) da minha parte. Mas foram meses à espera de uma resposta e no fim qual a resposta? Nenhuma! Nem a merda de uma palavra de apreciação aos derrotados. Porque é assim que me sinto, derrotado! Derrotado como poeta, como escritor, sem prémio, sem menção honrosa, sem leitores, sem críticas... Sem críticas, nem comentários, sem saber se bom se mau, o que a alma dita e o corpo debita. Sem a merda de uma crítica! E que bem que elas sabem, saber o que se faz mal e querer melhorar, saber o que está bem e querer piorá-lo. Saber!!! Sabe bem saber. É afinal o melhor modo de andar armado. É tendo conhecimento! Enfim. Creio-me perdido e divagando sem lucidez, que o sono arrebata-a quase completamente.
Hoje deu o "making of" Mundo Catita. Alguém viu? Eu vi. Deixou-me o apetite ainda mais aguçado para ver no próximo Domingo o primeiro episódio.
PS: A Raquel (o meu outro lado do espelho) leu entretanto "O homem que desejava o fim do mundo", conto que comecei em Outubro e inspirado num acontecimento real, rasgou uma ferida que creio mais profunda que o Raio-X mostrara. Disse-me que estava "muito bom, mesmo muito bom. Está excelente..." Será que não quereria apenas apaziguar a dor que eu escondia no meu coração de poeta? A verdade é que cerca de uma dezena de anos após os primeiros versos - como o tempo foge dos nossos sonhos. Lembras-te Nuno, como íamos publicar o primeiro livro em conjunto? Como éramos felizes sonhando já com o pó das bibliotecas, escrevendo a "Indução" e respectiva resposta e lamuriando em rabiscos da juventude incompreensões de amores e dores, carnais e psicológicas. Será que fiquei perdido nesse tempo? - tudo o que vejo é uma névoa turva de dúvida sempre constante, que eu não tenho coragem de penetrar sozinho.
2 comentários:
É triste que assim penses...
É triste que assim pense o quê? Diria que penso em bastantes coisas e também que por entre as divagações deste "post", há imensos pensares. São todos eles tristes de ser por mim assim pensados? Poderei com isso concluir que é triste que eu pense?
Posso também então achar triste que este comentário seja assim tão vago. Em verdade me não dá muito que pensar, pois que, pensá-lo seria triste(?)!
Espero não ser mal interpretado e que este meu comentário seja considerado ofensivo. Mas quando me refiro a sentir falta de críticas e comentários, o que espero é que se entendam como construtivos e não tiros incertos no escuro...
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